19 de janeiro de 2012

Ter ou Não Ter bebÉs

Às vezes surpreendo-me com a quantidade de posts que não saem da caixa de rascunhos. Talvez por serem pessoais demais. Mas li este post da Dear Dulce e lembrei-me deste texto aqui no recente baú do elementar.
A Dulce, resumidamente diz que por vezes se sente ingrata ao publicar as suas inúmeras viagens no contexto em que vivemos. Dear, uma coisa é ostentares o que não tens, outra é apenas publicar a tua vida. Fazes muito bem em aproveitar ao máximo tudo o que surge. As pessoas têm a mania de criticar outros muitas vezes "só" porque são ricos. Como se muitos dos "ricos" não tivessem ganho os seus bens com o seu próprio trabalho, ou por herança, ou por terem ganho um concurso. Certamente não és a Santa Casa da Meserircódia, portanto aproveita a vida e viaja que isso é que sabe bem! (E até parece que tens 27 Chanel's no armário...). O post esquecido era este:

"Da forma como as coisas estã na vida, no mundo, uma pessoa pondera ter filhos. Possivelmente nem é desculpa para se decidir ou não trazer ao mundo uma criança. Sempre existiram crises, guerras, fome e doenças e nós estamos cá, os nossos pais criaram-nos e bem. (Falo por mim e pelos manos). E às vezes penso que eles (os meus pais), tiveram que pelo menos até ao 12º ano, pagar-nos alimentação, escola, saúde e roupa. Muitas vezes abdicando das férias deles, de roupa para eles, de um miminho. Nós, mas porque sempre fomos doidos q.b. mas atinadinhos cerebralmente, mal podemos trabalhar fomos. Logo desde os 16. Em férias, em part-time, em restaurantes, lojas, etc. E é se queríamos comprar "as nossas marcas de roupa preferidas" e um telemóvel. Com o passar do tempo, acabei por oferecer um telemóvel à minha mãe, o seu primeiro, em 2003 e até um ao meu pai em 2009, também o único que teve. Nunca nos faltou nada, (excepto a viagem de finalistas, mas não nos caiu nenhuma perna por causa disso). Apenas olho para a minha vida e, neste cenário actual, não teria dinheiro para pagar as propinas a ninguém, nem para alugar um quarto a um filho noutra cidade, muito menos coisas como um carro para eles, ou portátil, ou telemóvel topo de gama, como por aí se vê, como tive colegas que tiveram "oferecidos". Atenção que não eramos nenhuns coitadinhos, nem os meus pais eram uns pacóvios. Era uma família normal. E isso não nos impediu de tirar licenciaturas e mestrados. A questão é que enquanto eu não atingir uma zona de conforto aceitável e fixa, não quero ter filhos. E se não a atingir, prefiro não ter e aproveitar o que sobrar para viver com o meu homem, para passearmos, viajar etc. 
E depois, estou aqui com tanta ponderação neste assunto, e é ver pacóvias a parir filhos como quem pare gatos e a andar com eles atracados à saia, ranhosos e com um papo-seco na mão. 
Como é que é possível?

4 comentários:

  1. este texto estava muito mal guardado. ou seja, ainda bem que o publicaste! :)
    o que dizes aqui é bem verdade (pelo menos para mim). Nunca tive tudo, e ainda cá estou. Acho que por nucna ter tido tudo, consigo dar mais valor a certas coisas do que outras pessoas.
    no entanto penso como tu, se posso estabilizar um pouco e dar mais a um futuro filho, então é isso que farei. Porque quero educar um filho e mimá-lo (qb) sem ter de andar a contar os tostões, como tantas vezes vejo.
    o que mais me custa ver, são famílias que não tendo dinheiro para tudo, não dispensam o LCD na sala de estar, a MEO ou a ZON, idas ao cabeleireiro, e claro, computadores e consolas para cada membro da família.
    Depois é vê-los a passar férias em casa, e não saberem viver em família... isso não compreendo. Hoje em dia as pessoas têm as prioridades todas trocadas!

    ResponderEliminar
  2. Inconsciência. Acho que, hoje em dia, tudo tem de ser muito bem ponderado. O amanhã não é garantido.

    ResponderEliminar
  3. Na verdade "disconcordo"...
    Já o disse anteriormente, filhos são a experiência mais...
    Não te sei explicar, mas é garantido que quem não os teve nunca terá qualquer perda, porque não sabe o que perdeu. Apenas quem os teve sabe o que são.
    Bjs

    ResponderEliminar
  4. Maria, antes de mais obrigada pela referência e ainda bem que o meu texto deu uma 'força' para que publicasses este teu.

    Senti-me identificada contigo por várias razões. Nunca me faltou nada, mas também cresci a saber partilhar livros, roupa, brinquedos, etc etc. Acho que essa partilha diária com irmãs e demais familiares me ensinou a dar valor às coisas e a lutar por aquelas que não estavam ao alcance. Aos 15 anos comecei a trabalhar nas férias de verão para pagar as minhas explicações na única disciplina a que era medíocre e, claro, para comprar uns extras. Logo que pude, e ainda antes de terminar o curso, fui trabalhar. O mesmo aconteceu com as minhas irmãs e hoje podemo-nos orgulhar de ter uma vida bem estável e com alguma qualidade. E todas nós sentimo-nos em dívida para com os nossos pais e fazemos por retribuir tudo o que nos deram.

    E daqui faço a ponte para o tema «filhos»... se é verdade que 'pesam' nos encargos familiares e condicionam a vida dos pais, é também verdade que são uma dádiva, trazem momentos únicos, alegrias mil e, mais tarde, são um apoio aos próprios pais. Ainda não tenho filhos e também me assusta toda a responsabilidade inerente... mas tenho a certeza que, com mais ou com menos, é possível criá-los e deixar-lhes muito património 'imaterial'.

    ResponderEliminar

Diga, diga, sou toda "ouvidos" !

quem cá para...